Torto Arado | Resenha

Mais uma resenha aqui no blog e dessa vez é sobre um livro nacional. Como sempre a resenha é livre de spoilers e eu vim na missão de conven...


Mais uma resenha aqui no blog e dessa vez é sobre um livro nacional. Como sempre a resenha é livre de spoilers e eu vim na missão de convencer você a ler esse livro que entrou para a minha lista de favoritos! 

        Sinopse                                                       

Nas profundezas do sertão baiano, as irmãs Bibiana e Belonísia encontram uma velha e misteriosa faca na mala guardada sob a cama da avó. Ocorre então um acidente. E para sempre suas vidas estarão ligadas, a ponto de uma precisar ser a voz da outra. Numa trama conduzida com maestria e com uma prosa melodiosa, o romance conta uma história de vida e morte, de combate e redenção. Um texto épico e lírico, realista e mágico que revela, para além de sua trama, um poderoso elemento de insubordinação social.

O livro traz a história de duas irmãs, Bibiana e Belonísia que moram no interior do sertão baiano e tem suas vidas marcadas por um acidente ao encontrar a misteriosa faca da avó Donana. É a terceira geração de uma família que viveu em situação de escravidão em fazendas. Pode parecer algo distante da realidade das irmãs, mas não é, já que o trabalho exercido por todos os trabalhadores da Fazenda Água Negra é nada mais do que uma escravidão moderna, em que as famílias trocavam o trabalho braçal exaustivo no plantio por uma casa de barro e um pequeno quintal onde poderiam cultivar o suficiente para a subsistência da família.

Existem marcas vivas e doloridas desse tempo que é refletido na saúde da avó e dos pais, nos calos das mãos, as dores do corpo e da alma. Bibiana e Belonísia nasceram e cresceram na Fazenda Água Negra, a todo momento o leitor é levado a entrar cada vez mais na realidade dessa família, que não é nada longe da realidade de muitas famílias da época, alguns detalhes do dia a dia, descrições das atividades, da casa de barro, da religiosidade manifestada nos encantados que mostra muito da diversidade cultural e como religiões de matriz africana receberam influências externas de grupos indígenas nativos no Brasil.

A narração do livro é dividido entre Bibiana e Belonisia e o leitor acompanha a infância, adolescência e fase adulta das irmãs, cada uma com um caminho diferente e com suas dificuldades. Enquanto uma se encontra com uma relação forte com a terra e a vida na fazenda, a outra está descontente com as injustiças infligidas aos trabalhadores da fazenda e busca por mudanças.

Para mim a leitura foi muito fluida e eu muitas vezes me peguei conectada a história de formas diferentes, como, por exemplo, analisando a relação dos trabalhadores com a fazenda que não é apenas algo baseado no trabalho, mas na construção da identidade daquelas pessoas. Quando o autor diversas vezes cita o modo de construção das casas e os materiais usados, tanto na construção como no dia a dia daquelas pessoas. Onde as casas eram localizadas dentro da fazenda, a conexão dos trabalhadores com o cemitério da fazenda onde entram enterrados os trabalhadores. Tudo isso eu consegui associar com coisas que vejo na minha graduação de arqueologia e consegui identificar no livro situações que são reais em pesquisas arqueológicas, talvez meu exemplo favorito seja a Belonísia dizendo que as vezes o povo da região encontrava potes de cerâmica enterrados e sabiam que poderia haver ossos humanos.

Ficou com aquela curiosidade para saber mais sobre arqueologia? Aqui no blog tem um espaço chamado Arqueologando onde falo mais sobre essa ciência que ocupa meu coração acadêmico, para ver a primeira publicação basta clicar aqui para conferir!

Eu recomendo muito a leitura desse livro, foi um dos favoritos de 2020 e me fez perceber uma nova “vibe” de gênero literário, algo mais próximo da realidade, com temas importantes e questionamentos que deveríamos fazer e discutir com todo mundo. Eu amaria ver esse livro sendo usado por escolas como referência de literatura nacional.


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