Entre pular fogueira e pular na fogueira | Resumão de junho
30 junhoEu quero começar essa publicação falando que realmente o nosso cérebro bloqueia memórias traumáticas. Digo isso, pois havia esquecido como é...
Eu quero começar essa publicação falando que realmente o nosso cérebro bloqueia memórias traumáticas. Digo isso, pois havia esquecido como é horrível viver um fim de semestre acadêmico. Para piorar a situação, minha universidade desconhece o padrão e minhas férias só aconteceram em agosto, ou seja, em julho eu ainda estarei estudando na minha dobradinha infernal (mestrado + pós-graduação). Apesar do cansaço, tem sido um processo gratificante. Tenho tido paciência com o processo, tenho reconhecido minhas conquistas e celebrado mesmo que na maioria das vezes sozinha. Durante minhas sessões de orientação na graduação, meu professor comentou sobre escrever sobre o processo da pesquisa, registrar não apenas pensamentos vinculados à monografia, mas da minha escrita, tipo um diário. Na época eu até comecei, mas do meio para o final só queria terminar tudo e abandonei o diário. Agora no mestrado eu lembrei dessa conversa e voltei a encontrar essa sensação de solidão que a jornada acadêmica oferece. Quando você não vem de um ambiente familiar onde estudar não é visto como profissão, as coisas podem ficar ainda mais complicadas. Existem várias camadas dentro dessa discussão, inclusive o tópico famosinho do TikTok sobre adquirir capital cultural, e para mim tem sindo um processo desgastante e bastante frustrante percorrer esse caminho profissional, não pelo caminho em si, mas devido às percepções de familiares sobre a minha escolha profissional.
Eu sei que não deveria importar, eu sei que não posso controlar o que os outros pensam e falam sobre mim. Mas conviver com as consequências dessas percepções sobre mim tem sido um desgaste emocional que tem colocado algumas decisões em perspectiva. Durante a minha graduação eu não precisei lidar com esse problema de forma tão intensa, pois eu mudei para outro estado e estava geograficamente longe da minha família. Esses anos fora me fez pensar que eu gostaria de estar mais presente, de participar mais e conviver. O tempo passa rápido, a gente tem o amanhã como garantido quando, na verdade, não temos. E estudar história, pessoas e memória me faz pensar sobre as minhas próprias relações e por isso decidi voltar. Mas agora eu meio que já tô querendo ir embora de novo. Romantizei as relações familiares e agora não estou conseguindo lidar com a minha família querendo ditar como eu devo viver minha vida, impregnando meu dia com cobranças e momentos desconfortáveis, inferiorizando minhas conquistas, pois afinal eu deveria estar trabalhando, mas quando eu estava trabalhando também não estava bom... Eu acho que isso é meio a regra da convivência familiar e eu tô totalmente desacostumada com isso. É o famoso "ah, mas fulano conquistou tal coisa" e nada que eu faça vai ser bom o suficiente. A hipocrisia é tão alta quanto a régua que usam para medir o sucesso, inclusive quem mede não está dentro do ideal estabelecido. Emfim...desabafos, o resumão do mês é também sobre isso.
Junho tentou me derrubar, mas falhou miseravelmente! Consegui manter os estudos, todos os prazos cumpridos com folga. Tirei uma nota boa da prova de proficiência em língua estrangeira, então, sim, ler manhwa e romances em inglês ajudam nos estudos. Segui na minha maratona de Tapas e Beijos, tem sido meu alívio cômico na correria da rotina. Também mantive em dias o anime Diários de uma apotecária que está maravilhoso! Só não vou ficar tão triste quando acabar a temporada, pois tamparei esse buraco com Spy x family. A TBR do mês foi um sucesso! Li as três coisas que havia me proposto e foi fundamental ter escolhido coisas mais leves e divertidas para ler. O livro Os padrinhos da Olivia Uviplais foi exatamente o que eu queria: uma comédia romântica leve e engraçada, ainda li o conto O pedido que traz uma história extra do livro. Li o terceiro volume de O único destino dos vilões é a morte um manhwa que eu tenho amado acompanhar, e a editora Newpop tá fazendo um trabalho muito legal com essa edição. O último lido do mês foi o livro de poesias Júbilo, memória, noviciado da paixão da Hilda Hilst e foi meu primeiro contato com a autora. Eu venho trabalhando minha relação com a poesia ao longo dos anos, não conseguia me conectar com o gênero, pois via a leitura como uma atividade mais rápida onde você senta, lê por alguns minutos consecutivos e para até terminar o livro. Enquanto lia livros de poesia fui percebendo que nunca iria apreciar adequadamente as leituras se continuasse a encarar esse momento assim. Desde então tenho adotado uma postura de doses homeopáticas, levando longos minutos em cada poesia, grifando partes que de alguma forma falaram comigo e construindo uma relação mais íntima e reflexiva com o livro e comigo. Não foi diferente com esse livro e fiquei curiosa para conhecer mais da autora. Não faço ideia de como escrever uma resenha sobre esse livro, mas estou amadurecendo um rascunho mental.
No universo musical, eu tenho vivido um flashback com um gênero musical que fez parte da minha adolescência, o Visual kei. Ao longo dos anos eu não deixei de ouvir bandas de rock japonesas, mas o Visual kei saiu um pouco da minha vida e voltou com tudo. A diferença entre rock e o Vkei é que o Vkei é um movimento não só musical, mas artístico dos anos 80 com referências góticas, punk, toques vampirescos da era vitoriana e androgenia. Nas apresentações tem muita performance e teatralidade. Na minha adolescência eu escutava bandas como The Gazette e Nightmare, mas a volta desse gênero musical veio com as bandas clássicas e uma vontade absurda de adotar o estilo gótica dos trópicos. Esse mês fiquei presa entre Malice Mizer, Buck-Tick, Moi dix Mois, Plastic Tree e Kamijo nos clássicos do Vkei, e conheci bandas novas como Hanabie., Gulu gulu e Kaya. Infelizmente algumas músicas não estão no Spotify e estou refém do YouTube para me afundar nessas bandas.