Quando foi que naturalizamos ler muito?

Sigo passando um bom tempo pensando na minha relação com as leituras, e outro dia me peguei com saudades de como era bom na minha adolescênc...


Sigo passando um bom tempo pensando na minha relação com as leituras, e outro dia me peguei com saudades de como era bom na minha adolescência só pegar um livro e ler ele numa rede. De fato era bom, eu lia muito, e só não lia mais por não ter acesso fácil aos livros, o que ocasionava em releituras dos livros que eu tinha. Eu poderia ser ingênua e ficar remoendo isso. Mas honestamente, não dá. O fato é que eu não sou mais uma adolescente, eu não tenho mais tanto tempo livre, e o pouco tempo que me resta precisa ser dividido entre outras demandas da vida adulta. Nem sempre ler é a prioridade.


Encarar esse fato tem sido muito importante para mim. Tenho tendência a ser ansiosa, e me cobro muito. Ver pessoas nas redes sociais lendo muito e querer ler o mesmo tanto é normal. É o que vemos aos montes por aí, uma replicação de hábitos de consumo. Eu não posso mudar a internet, mas eu posso mudar como eu lido com a internet.

E é nessa lógica que eu quero saber quando foi que naturalizamos ler muito? Quando virou pouco ler um livro por mês? A média no Brasil não era cinco livros por ano? Nessa economia, você acha que ler mais cabe em qual realidade?


As redes sociais e a criação de conteúdo para a internet tem crescido nos últimos anos, e eu jamais diria que o nicho literário é ruim. Ele é ótimo na função de propor a difusão da literatura! Adoro conteúdo literário, inclusive eu tento fazer. Mas como pessoa que consome esse conteúdo, eu sempre me deparo com outras pessoas que ficam frustradas ou com vergonha de não ler muito. Quando a gente se compara com pessoas que trabalham lendo livros, é realmente injusto.

Então vamos combinar, se for para estabelecer uma comparação, que seja com as estatísticas do Brasil, a Câmara Brasileira do Livro (CBL) faz estatísticas e se você lê um livro por mês, no final do ano você vai ter quase quadruplicado a média nacional!


Ler é definitivamente importante, se você tem esse passatempo ou quer começar essa jornada, tenha em mente que assim como qualquer outro passatempo, será feito nos seus momentos de ócio com o intuito de ser algo divertido. Sua rotina não deve ser composta de várias obrigações, sem aqueles minutos em que você pode se conectar com coisas que fazem sentido num grau mais pessoal. Caso não esteja encontrando aqueles minutinhos para ler, recomendo entrar na jornada de substituição do tempo de telas por leituras, é o que eu tenho feito.

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12 comments

  1. Compartilho da ansiedade de se cobrar muito e ver as pessoas na internet lendo muito mais do que eu sequer imagino conseguir ler. Hoje em dia acompanho apenas um youtuber que cria conteúdo sobre livros e desde que entendi que ler é o trabalho dele e que a quantidade exorbitante de leituras é comum pra alguém que ganha dinheiro com isso, tenho um relacionamento mais saudável com o meu ritmo pra ler. Minhas metas de leitura para o ano no Goodreads sempre são menos de 10 livros e estou bem satisfeita com isso. Essa cobrança de ler demais não condiz nem um pouco com a realidade do país, não só pelo tempo que nos falta, mas também pelos preços dos livros.

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    1. SIM NANA! Eu acho que fico ainda ansiosa com esse assunto por usar redes sociais como Instagram e Tiktok, inclusive para produzir conteúdo literário (ou tentar né, é muito frustrante perceber que existe uma padronização do conteúdo nessas redes. Enquanto consumidora desses conteúdos é até exaustivo no fim do dia). Eu gosto muito de ter esses espaços virtuais para criar, mas confesso que estou cada dia mais certa de que o melhor para mim é ficar mais offline.

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  2. Oi! Eu acho que tudo que fazemos tem que respeitar o nosso ritmo, ler não deve ser uma obrigação e sim um prazer. Quando eu não trabalhava, só estudava, lia um por dia tranquilamente. Hoje trabalho fora, pago contas e muitas vezes quando chego só quero cama. Claro que o ritmo diminuiu. Então, não importa se você lê um ou dez no mês, é importante que você se divirta fazendo e não fique se comparando com os outros. Bjos!!
    Moonlight Books

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    1. Oi Cida! Concordo totalmente com a questão da leitura ser um prazer, e confesso que mesmo dentro dessa lógica sofro um pouco, justamente por querer ler mais, mas não conseguir devido as demais obrigações ou a falta de energia que essas obrigações causam.

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  3. Tenho pensado muito sobre isso também. Já não tenho lido como antes, e tenho pensado em como diminuir o tempo de tela para voltar aos livros, mas ainda não consegui. O celular ainda tá puxando a maior parte da minha atenção no tempo livre :(

    Beijos, Brenshelf

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    1. Vamos Brenda! A gente consegue se livrar dessas redes sociais xD
      Eu coloquei um bloqueio de aplicativo nas configurações de bem-estar do celular. Me dou uma hora de Instagram e uma de TikTok, depois disso só no dia seguinte. E ativei o lembrete de uso do Instagram, a cada dez minutos de uso consecutivo sou lembrada que estou usando aplicativo e isso quebra a dinâmica de uso.

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  4. Oi Vaneza! Tudo bem com você?

    Olha ultimamente venho me fazendo o mesmo questionamento. Esse mês tive uma grande aproximação pela literatura novamente (isso acontece geralmente quando leio algum livro bom), engatei um livro atrás do outro essas semanas e durante o trabalho me pegava pensando o quanto queria ser adolescente de novo pra ter tempo de ler quando eu quero e não só no fim da noite quando me resta um tempo.

    Confesso que me pego comparando também com criadores de conteúdo literário alá booktok e youtube, mas sempre tento respirar fundo e pensar que a literatura é o trabalho deles, mas o pensamento ainda está lá e os posts, os vídeos fazem com que eles voltem sempre.

    Nem preciso falar quanto ao consumo desenfreado e a quantidade de livros na lidos acumulados né? Estou tentando levar isso em conta também e evitando ver vídeos de bookhaul kkkkkkk.

    Até logo!
    ✴︎ dance, dance, dance.

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    1. Oi Diogo! Esse lembrete de que a gente queria e não pode estar lendo mais é foda kkkkkk, eu confesso que não sigo grandes criadores de conteúdo, além do conteúdo repetitivo (mesmos livros, mesma estética, todos ouvindo Taylor Swift) eu acho que o conteúdo não ressoa muito comigo. Além da incompatibilidade de ritmo de consumo, eu sinto que deixou de ser sobre livros e passou a ser propaganda.

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  5. Olá, Vaneza!
    Acompanho os Skoobs alheios só para pegar as referências de livros interessantes, mas isso de tentar seguir o ritmo dos outros pode acabar com qualquer um! :/
    Hoje em dia aprendi a respeitar meu próprio ritmo. Eu amo ler e tenho lido bastante, mas preciso confessar que sinto um pouco de pressão quando pego algum livro para ler porque parece que tenho que terminar logo (e me sinto mal por sentir isso). Leitura tem que ser prazerosa.
    Beijos!

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    1. Oi Jessica! A grande verdade é que o sonho de quem ama ler sempre será ler mais xD
      Também adoro ficar olhando o skoob alheio! Acho que pelo skoob dá para encontrar uma variedade maior de leituras do que nas redes sociais

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  6. O problema todo é quando monetizamos a criaçâo de conteudo literario ... No inicio da pandemia esse nicho explodiu e percebo que isso nada tem haver com leitura aquela que faziamos na adolescência... Eu entrei nessa vibe... Mas a criação de conteudo e a literatura sempre serão um escape para vida real e não um stress.

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    1. Com certeza o peso de monetizar ou até a possibilidade de monetizar muda toda a questão com a leitura. Eu procuro me manter nesse pensamento de que ler e falar sobre leitura é um passatempo e não uma obrigação.

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