Quando finalmente sentei para escrever o resumão de julho, percebi que esqueci muitas coisas. Eu lembro do desespero no fim do semestre, das últimas aulas, dos prazos batendo na porta, e mais nada. Aliás, teve meu aniversário no início de julho. Lembrar de emoções e não de acontecimentos e memórias é para mim, a prova cabal de que eu não vivi julho, eu sobrevivi a esse mês. E para escrever esse resumão eu convido vocês a fazer uma escavação arqueológica na galeria do meu celular. Sou apaixonada em registrar momentos com fotos, vídeos e coleções de cacarecos, não tinha como não ser arqueóloga né? Então pega aí um pincel, uma colher de pedreiro e sua roupa mais confortável que a campanha vai começar.

Finalmente entramos no segundo semestre de 2025 e como chegamos? Por aqui foram meses corridos, cheios de estudos, alguns bons momentos de descontração e leituras acontecendo dentro do possível. O bloguinho passou quase um mês sem novidades e isso é reflexo da minha falta de tempo para ler e criatividade baixa para escrever sobre qualquer coisa, mas a metade de ano é aquele momento que eu tiro para fazer um balanço da minha vida, incluso a literária. Não é só fazer uma lista de desafios no início do ano, é tentar cumprir os desafios e repensar estratégias. Eu sempre falo de desafios literários por aqui porque eu amo, me motiva e me faz ter uma relação com a literatura onde ela não cumpre apenas um papel de entretenimento, mas uma forma de repensar minha rotina, meus consumos e minha visão de mundo. Acho que é bom pecar pelo excesso e mais uma vez falar que não é sobre quantidade de leituras, mas como a literatura faz parte do seu dia e como isso reflete na sua vida. Então, não deixe pressões externas atrapalharem suas leituras, não é uma performance ou uma competição. E caso esteja na meta de ter a leitura como passatempo, saiba que assim como qualquer outro hábito, é uma atividade constante que precisa de comprometimento e manutenção. Caso esteja querendo desenvolver ou retomar o hábito de ler, recomendo ler a publicação  Como organizar a vida literária .

Ano passado eu respondi essa TAG e achei muito legal rever o que foi lido ao longo do ano, como está o andamento dos meus desafios literários e a certeza que vou falhar miseravelmente com os prazos, mas é sobre isso, o importante são os livros lidos no caminho e não o fim da jornada.

Para 2025 eu separei as seguintes metas: Ler ao menos um livro por mês | Cumprir o desafio Ready to Read 2025 |  Ir em uma bienal ou feira literária  | Conhecer 5 novos autores nacionais | Ler 3 ou 4 livros do Machado de Assis | Ler 2 ou 3 livros da Clarice Lispector | Ler ao menos 3 territórios de identidade da Bahia | Ler ao menos 10 livros da lista 30 antes dos 30

 em andamento  |  finalizado  |  desistência 

1. O melhor livro que você leu até agora: já começando com pergunta difícil! Eu li uma variedade de coisas esse ano, mas o melhor mesmo foi Perto do coração selvagem. Foi uma leitura que me fez pensar muito e com certeza vai ficar comigo por muitos anos. Inclusive temos resenha dele aqui no blog e você pode conferir  clicando aqui. 

2. A melhor continuação que você leu até agora: chama de ferro sem dúvidas. Os três livros são bem legais para quem gosta de fantasia com romance, mas chama de ferro foi uma leitura mais fluida em comparação com tempestade de ônix que em diversos momentos me pareceu muito corrido nas cenas de desenvolvimento dos problemas políticos e batalhas. Também já rolou resenha de quarta asa aqui no blog e caso ainda não tenha visto, é só  clicar aqui. 

3. Algum lançamento do primeiro semestre que você ainda não leu, mas quer: cartografia para caminhos incertos lançou no início do ano e eu acabei ganhando ele de presente esses dias! Agora é só esperar a flipelô (feira literária do Pelourinho) para conseguir autografo do autor e curtir as minhas férias com essa história que promete muito. Eu tô super interessada em ler mais realismo mágico, e eu amei o livro A vida e as mortes de Severino olho de dendê, ou seja, tenho expectativas altas. Caso queira conhecer o livro do Severino, é só  clicar aqui  para conferir a resenha de uma ópera espacial numa Bahia do futuro.

4. O livro mais aguardado do segundo semestre: uma das leituras mais divertidas que fiz esse ano foi Assistente do vilão, o terceiro volume Aliada do vilão sai no início de agosto e eu estou contando os dias para revisitar essa história. Já temos resenha do primeiro volume aqui no blog e você pode conferir  clicando aqui. 

5. O livro que mais te decepcionou esse ano: o livro uma dama fora dos padrões da Julia Quinn. Eu queria um bom romance de época para distrair das leituras acadêmicas e fui ler a famosa autora de Os Bridgertons, mas quebrei a cara. É simplesmente a história mais genérica que poderia ser escrita na face da terra, e eu sei que romance de época é um gênero/subgênero que fica repetitivo com a construção da história baseada totalmente no romance num contexto histórico específico, mas ainda assim é possível se surpreender e encontrar leituras legais. Mas esse livro me fez desanimar totalmente da ideia de conhecer os famosos livros da autora.

6. O livro que mais te surpreendeu esse ano: eu ainda não terminei de ler ele, mas a minha surpresa agradável na literatura em 2025 até agora, foi Metamorfose. Eu sempre vi as pessoas falarem sobre esse livro, mas todas as discussões que eu via era sobre a questão da metamorfose, não simbolicamente, mas literal. Toda discussão que vi foi sobre qual inseto ele teria virado e eu finalmente fui matar a minha curiosidade. Li o primeiro capítulo e precisei pausar a história. Eu comecei intrigada, fiquei chocada e depois cai num abismo de indignação quando constatei que o livro passa longe de ser sobre virar um bicho, mas sim sobre relações familiares, o valor do seu papel na dinâmica familiar e a rotina de trabalho. O livro é um soco e tão atual! Foda-se o inseto! Dito isso, preciso retomar essa leitura.

7. Novo autor(a) favorito (a): Até agora li três autores novos, Jarrid Araes, Stefano Volp e Hilda Hilst. Dos três eu gostei muito do livro de poesias da Hilda Hilst, mas sinto que preciso ler mais coisas desses autores para poder chegar a uma conclusão, então a vaga de autor favorito do ano continua aberta.

8. A sua quedinha por personagem fictício mais recente: eu não sou muito de paixonites literárias, essa vibe ficou mais na adolescência com a versão apaixonada pelo Edward Cullen. Só para não deixar essa categoria vazia, vou dizer que eu quero muito ver o desenvolvimento do Reinaldo no livro Aliada do vilão, precisamos de capítulos narrados pelo Reinaldo. A imagem utilizada é do perfil  @se.encanteamigurumi.

9. Seu casal favorito mais recente: Esse ano tá fraco no quesito romance, inclusive talvez esse seja meu problema, deveria ler uns romances para descontrair. Dos livros que li temos o Tristan com a Evie de Assistente do vilão que está o maior banho-maria, Violet e Xaden de Quarta asa não fazem meus olhos brilharem, e Amy e Harry do livro Os padrinhos que foram ok. No ano passado essa resposta foi mais direta, não tive que pensar muito.

10. Seu personagem favorito mais recente: não é tão recente assim já que fiz a leitura em fevereiro, mas não dá para deixar de citar a Joana de Perto do coração selvagem. Foi uma personagem interessante de ler e observar, às vezes surpresa por me ver na personagem em meio aos pensamentos dela que já tinham sido meus. 

11. Um livro que te fez chorar nesse primeiro semestre: ainda não fiz leituras que me fizessem chorar, inclusive chorar lendo é uma das coisas que estão no meu bingo literário do ano e não faço ideia se vou ter ânimo para ler algo mais sentimental. Apesar de gostar bastante de variar as minhas leituras, o que funciona para mim é entender como está a minha rotina e como posso encaixar as leituras nela, e isso não é só pelo tempo, mas também emocionalmente falando. Se eu estou com uma rotina legal e dias tranquilos, eu pego livros mais densos. Se a minha rotina está caótica, eu leio coisas mais leves e engraçadas. Com a volta dos estudos eu estou definitivamente presa numa rotina mais puxada, tenho lido bastante texto acadêmico que me esgota mentalmente, no fim do dia eu só quero algo divertido.

12: Um livro que te deixou feliz no primeiro semestre: esse posto vai ficar com Assistente do vilão. Eu montei playlist para essa história, eu ouvia a playlist quase todo dia pensando na continuação dessa história. Foi uma leitura muito divertida que eu me vejo relendo em algum momento no futuro.

13. Melhor adaptação cinematográfica de um livro que você assistiu: no mês de julho eu assisti Capitu, a minissérie e é muito melhor do que eu lembrava! Assisti alguns capítulos na época passada na TV aberta e rever foi interessantíssimo, prestei mais atenção a detalhes sobre a cenografia, trilha sonora e realmente fizeram um trabalho maravilhoso. Me peguei com vontade de reler Dom Casmurro. Eu já reli esse livro algumas vezes e sempre era uma experiência diferente. Esse livro me mostrou uma relação interessante com a literatura: os livros vão continuar os mesmos, a história permanecerá, cada frase, cada vírgula, nada vai mudar. Mas reler um livro é uma experiência completamente diferente, e quem mudou foi você. Sabe o Heráclito com o pensamento do rio? Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, a constante mudança das coisas modifica a percepção, pode ser o mesmo rio ou o mesmo livro, mas você já sabe a história, ou a temperatura da água. Tudo isso para dizer que assistir à série me fez lembrar que eu não sou a mesma, mudei bastante, amadureci e fiz muita terapia, reler Dom Casmurro agora será uma nova experiência.

14. Sua resenha favorita desse primeiro semestre: isso é um quesito que eu tenho falhado constantemente, eu prometi, eu botei como meta do ano trazer resenhas para o blog, mas estou falhando, e consequentemente não tem muitas resenhas para escolher uma favorita. Até o momento eu finalizei 18 leituras e apenas 3 leituras ganharam resenha. Talvez a minha favorita seja a resenha de Perto do coração selvagem, eu gostei muito desse livro e processar a leitura e transformar em uma publicação foi uma experiência de longos dias, mas fiquei satisfeita com o resultado.

15. O livro mais bonito que você comprou ou ganhou esse ano: a primeira temporada do manhwa Under the oak tree é literalmente a coisa mais linda que eu possuo! Eu quero muito fazer uma resenha falando mais da história e mostrando a edição que comprei. Infelizmente essa história ainda não veio para o Brasil e eu comprei a edição em inglês mesmo. Até agora estou estupefata com a qualidade do manhwa. Prometo que em breve vou fazer algo sobre ele aqui no blog e talvez em formato de vídeo nas redes sociais.

16. Quais livros você precisa ou quer ler muito até o final do ano: Sangue raro é uma distopia nacional com autoria nordestina que me chamou muito a atenção, primeiro com essa capa, eu sempre achei a la ursa bonita e adorava ver pelos carnavais de Recife. E a história não fica por menos, em uma Recife distopica, o personagem principal é um "sangue raro" e seu sangue pode ser usado em rituais mágicos, mas acaba sendo sequestrado pelo governo ditatorial vigente e usado como arma para caçar bruxos e outros sangues raros. Faz um tempo que li distopia e acho que esse pode ser um retorno ao gênero. Os filhos da meia-noite foi uma recomendação que recebi do meu pen-pal indiano. Pedi recomendações de livros do país dele e ele me mandou esse, fiquei encantada por ter realismo mágico na narrativa. O problema é que não tem reimpressão desse título e eu vou precisar garrimpar sebos para realizar essa leitura. E por último Maus, uma HQ que eu comprei no periodo da pandemia e ainda não li.

A vida acadêmica tem deixado pouco ânimo para ler nas horas vagas, mas preciso reorganizar a minha rotina de leitura, talvez voltar com o compromisso de ao menos trinta minutos por dia. Eu gosto muito de ler, é um dos meus passatempos favoritos e ter uma rotina enquilibrada entre os estudos e o lazer é o segredo para manter a sanidade na vida acadêmica. Ainda assim estou contente por estar em alguma instância dando conta de fazer um pouquinho de cada coisa sem cobranças e sem ansiedade. Produzir coisas para o blog está entre os passatempos que preciso encaixar no dia a dia, com algumas semanas de férias em agosto espero dar conta de me fazer mais presente nas áreas descontraídas da minha vida.

Eu quero começar essa publicação falando que realmente o nosso cérebro bloqueia memórias traumáticas. Digo isso, pois havia esquecido como é horrível viver um fim de semestre acadêmico. Para piorar a situação, minha universidade desconhece o padrão e minhas férias só aconteceram em agosto, ou seja, em julho eu ainda estarei estudando na minha dobradinha infernal (mestrado + pós-graduação). Apesar do cansaço, tem sido um processo gratificante. Tenho tido paciência com o processo, tenho reconhecido minhas conquistas e celebrado mesmo que na maioria das vezes sozinha. Durante minhas sessões de orientação na graduação, meu professor comentou sobre escrever sobre o processo da pesquisa, registrar não apenas pensamentos vinculados à monografia, mas da minha escrita, tipo um diário. Na época eu até comecei, mas do meio para o final só queria terminar tudo e abandonei o diário. Agora no mestrado eu lembrei dessa conversa e voltei a encontrar essa sensação de solidão que a jornada acadêmica oferece. Quando você não vem de um ambiente familiar onde estudar não é visto como profissão, as coisas podem ficar ainda mais complicadas. Existem várias camadas dentro dessa discussão, inclusive o tópico famosinho do TikTok sobre adquirir capital cultural, e para mim tem sindo um processo desgastante e bastante frustrante percorrer esse caminho profissional, não pelo caminho em si, mas devido às percepções de familiares sobre a minha escolha profissional.

Eu sei que não deveria importar, eu sei que não posso controlar o que os outros pensam e falam sobre mim. Mas conviver com as consequências dessas percepções sobre mim tem sido um desgaste emocional que tem colocado algumas decisões em perspectiva. Durante a minha graduação eu não precisei lidar com esse problema de forma tão intensa, pois eu mudei para outro estado e estava geograficamente longe da minha família. Esses anos fora me fez pensar que eu gostaria de estar mais presente, de participar mais e conviver. O tempo passa rápido, a gente tem o amanhã como garantido quando, na verdade, não temos. E estudar história, pessoas e memória me faz pensar sobre as minhas próprias relações e por isso decidi voltar. Mas agora eu meio que já tô querendo ir embora de novo. Romantizei as relações familiares e agora não estou conseguindo lidar com a minha família querendo ditar como eu devo viver minha vida, impregnando meu dia com cobranças e momentos desconfortáveis, inferiorizando minhas conquistas, pois afinal eu deveria estar trabalhando, mas quando eu estava trabalhando também não estava bom... Eu acho que isso é meio a regra da convivência familiar e eu tô totalmente desacostumada com isso. É o famoso "ah, mas fulano conquistou tal coisa" e nada que eu faça vai ser bom o suficiente. A hipocrisia é tão alta quanto a régua que usam para medir o sucesso, inclusive quem mede não está dentro do ideal estabelecido. Emfim...desabafos, o resumão do mês é também sobre isso.

Junho tentou me derrubar, mas falhou miseravelmente! Consegui manter os estudos, todos os prazos cumpridos com folga. Tirei uma nota boa da prova de proficiência em língua estrangeira, então, sim, ler manhwa e romances em inglês ajudam nos estudos. Segui na minha maratona de Tapas e Beijos, tem sido meu alívio cômico na correria da rotina. Também mantive em dias o anime Diários de uma apotecária que está maravilhoso! Só não vou ficar tão triste quando acabar a temporada, pois tamparei esse buraco com Spy x family. A TBR do mês foi um sucesso! Li as três coisas que havia me proposto e foi fundamental ter escolhido coisas mais leves e divertidas para ler. O livro Os padrinhos da Olivia Uviplais foi exatamente o que eu queria: uma comédia romântica leve e engraçada, ainda li o conto O pedido que traz uma história extra do livro. Li o terceiro volume de  O único destino dos vilões é a morte  um manhwa que eu tenho amado acompanhar, e a editora Newpop tá fazendo um trabalho muito legal com essa edição. O último lido do mês foi o livro de poesias Júbilo, memória, noviciado da paixão da Hilda Hilst e foi meu primeiro contato com a autora. Eu venho trabalhando minha relação com a poesia ao longo dos anos, não conseguia me conectar com o gênero, pois via a leitura como uma atividade mais rápida onde você senta, lê por alguns minutos consecutivos e para até terminar o livro. Enquanto lia livros de poesia fui percebendo que nunca iria apreciar adequadamente as leituras se continuasse a encarar esse momento assim. Desde então tenho adotado uma postura de doses homeopáticas, levando longos minutos em cada poesia, grifando partes que de alguma forma falaram comigo e construindo uma relação mais íntima e reflexiva com o livro e comigo. Não foi diferente com esse livro e fiquei curiosa para conhecer mais da autora. Não faço ideia de como escrever uma resenha sobre esse livro, mas estou amadurecendo um rascunho mental.

No universo musical, eu tenho vivido um flashback com um gênero musical que fez parte da minha adolescência, o Visual kei. Ao longo dos anos eu não deixei de ouvir bandas de rock japonesas, mas o Visual kei saiu um pouco da minha vida e voltou com tudo. A diferença entre rock e o Vkei é que o Vkei é um movimento não só musical, mas artístico dos anos 80 com referências góticas, punk, toques vampirescos da era vitoriana e androgenia. Nas apresentações tem muita performance e teatralidade. Na minha adolescência eu escutava bandas como The Gazette e Nightmare, mas a volta desse gênero musical veio com as bandas clássicas e uma vontade absurda de adotar o estilo gótica dos trópicos. Esse mês fiquei presa entre Malice Mizer, Buck-Tick, Moi dix Mois, Plastic Tree e Kamijo nos clássicos do Vkei, e conheci bandas novas como Hanabie., Gulu gulu e Kaya. Infelizmente algumas músicas não estão no Spotify e estou refém do YouTube para me afundar nessas bandas.

Momento TAG 100% descontração, um oferecimento Nana do blog  NanaView  que me marcou. Obrigada por lembrar de mim para participar dessa interação. O bloguinho começou com a proposta de compartilhar minha opinião sobre coisas, mas não necessariamente sobre a pessoa que escreve. Com o tempo a pessoalidade foi ganhando mais espaço e tenho escrito de forma mais proseada, ainda sobre a minha opinião, mas envolvendo pessoalidades do offline. Meio egoico da minha parte? Talvez. Mas eu me peguei igualmente interessada na vida e na opinião alheia, como gosto de escrever fui ficando por aqui. E eu também sou meio boca de sacola, a estética da morena misteriosa ficou apenas nos livros que leio. Essa TAG é mais uma oportunidade para me apresentar com menos opiniões e mais constatações do eu, no caso eu mesma o CPF e não a persona Garota do 330 que existe por aqui há 10 anos.

Qual é a história por trás do nome do teu blog?

Quero começar dizendo que esse nome é fruto da minha versão 2015 totalmente apaixonada por um batom vermelho da marca O boticário, não havia nome da cor, apenas o número 330. Ele era mate com um efeito aveludado tão lindo, eu usava ele todos os dias para literalmente qualquer ocasião. No auge na minha criatividade achei que Garota do 330 seria um bom nome para o blog. Hoje em dia eu confesso que não gosto muito e já pensei várias vezes em mudar. O batom 330 ainda existe, mas a formulação mudou, então aquele batom maravilhoso de 2015 não existe mais, resta apenas uma garota que ainda gosta de batons vermelhos, e nunca encontrou um tão bonito quanto aquele. Sim, tem dez anos que eu ainda procuro um batom similar, e podemos entrar num dilema se a garota do 330 ainda existe ou é apenas uma memória. E você vê que não tem nada a ver com livros ou qualquer coisa que eu escreva aqui no blog, se a gente apelar e tentar ressignificar podemos compreender a persona da garota como alguém que não liga para o julgamento da sociedade e existe como quer, usando batom vermelho para ir à padaria e digitando uma pá de coisas na internet.

Quando, e como, surgiu a ideia de criar um blog?

Desde muito cedo sentia uma vontade de comunicar e registrar, fosse sentimentos em um diário ou longas conversas com amigos sobre um livro, série ou anime que tinha me feito companhia durante o fim de semana ou intermináveis álbuns de foto com a minha cybershot rosa. Na minha pré-adolescência os blogs eram algo muito popular e eu achava maravilhoso buscar esses espaços na internet para ler sobre temas que achava interessante, ao mesmo tempo que desenvolvia minha persona leitora também fui alimentando um lado mais autora de escrevivências e fui pegando gosto. Vi no blog uma plataforma com um formato muito abrangente e não exitei em criar um espaço virtual que é muito meu, mas também é de quem quiser chegar e tirar um tempo para ler.

Você tem, ou já teve, outros blogs além desse aqui?

SIM! Acredito que todo mundo que esta a muitos anos na blogosfera já teve vários blogs que foram abandonados e excluídos como no meu caso. E eu vou deixar um registro super cringe aqui como prova da era em que tive outro blog, e como o Garota do 330 é um caso de sucesso visual. Não me perguntem o significado disso, eu não lembro o que era esse clube e eu acredito que é tão vergonha alheia que meu cérebro apagou essa memória para me proteger de ter menos um daqueles momentos em que você lembra antes de dormir de alguma vergonha que passou há vários anos. Tudo que eu lembro disso é que eu estava aprendendo a mexer em programas de edição de foto.

Já pensou em criar para além dos textos para o blog?

Não só pensei como fiz/faço/fazia? Tenho uma relação de amor e ódio complexo com as redes sociais. Quando a era dos blogs deu uma queda e começou a ascensão do Instagram, eu fiz um perfil para o blog lá e comecei a produzir conteúdos literários, mas nunca me dei bem e hoje em dia eu não me forço mais a produzir nada para as redes sociais apesar de manter ativo tanto o Instagram quanto o TikTok, postando só quando eu quero e como eu quero, sem grandes pretensões. Eu acho que tem coisas que o audiovisual consegue comunicar melhor que o escrito, mas tem coisas que só escrevendo para organizar as ideias e extravasar. E eu já disse em outras publicações aqui no bloguinho que o público que consome blog é um pessoal que tá mais aberto a experiência de imersão do conteúdo, nas redes sociais as coisas estão rápidas e superficiais demais e isso não combina muito com o processo criativo que eu tenho. Em contrapartida, eu tenho tido vontade de fazer coisas diferentes aqui no blog, envolvendo a retomada de publicações sobre música e a aba "apartamento 330" no menu onde eu costumava publicar textos pessoais e pseudo poesia.

Você se inspira em algum outro blog? Se sim, qual ou quais?

Eu tenho o melhor blogroll da blogosfera, não sei se vocês já repararam essa página na lateral do blog. Tô sempre atualizando com blogs que eu tento visitar semanalmente para acompanhar e tem uma diversidade de temas interessantes, apesar da maioria conversar mais com a temática dos livros. Eu busco inspiração em tudo que vejo, anoto ideias e pensamentos que brotam no dia a dia e eu posso afirmar com toda certeza que nesse último ano de retorno ao blog eu mudei bastante a forma que eu penso o conteúdo aqui, em vez de ser uma coisa mais impessoal e abstrata, tenho escrito de forma mais proseada, compartilhando minha opinião só que menos polida, com mais referências e processos de reflexões. Esse tom de pessoalidade e até os "resumões" mensais que tenho feito são frutos de encantos por blogs como: Nana View, PorceLana, Ground control to major confusion, Litorais, Antique Faerie e Just Me que sempre trazem um olhar pessoal para as coisas e conversam com vivências cotidianas que me fazem refletir sobre bastante coisa, e aí mora a diferença entre conteúdos em blog e em redes sociais, enquanto a maioria dos vídeos que vejo não duram sequer um minuto na minha memória, eu passo dias pensando sobre o que li nesses blogs.

De que maneira a blogosfera influenciou a sua vida fora do digital?

Definitivamente eu passei a me expressar melhor. Uma das minhas dificuldades no começo do blog era pensar em como estruturar um texto informativo com a minha opinião poderia ser desafiador. Apesar de ter uma opinião formada sobre o assunto, transmitir ela era outra coisa. Com a constante de escrever para o blog consegui criar uma habilidade de estruturar de forma coesa um texto e isso foi um sucesso na minha vida acadêmica. Outro ponto que eu não posso deixar de reconhecer é que eu sempre fui tímida, e ainda sou um pouco, mas a exposição controlada na internet me fez ficar mais soltinha e desenvolta, com menos receio de expor minha opinião.

O que diria para alguém adentrando a blogosfera?

Bem-vindo. A internet não precisa ser um lugar tenebroso, faça a sua contribuição trazendo uma perspectiva diferente e se divirta com o processo. No começo pode parecer meio solitários e desafiador, mas se você está em busca de um espaço para se expressar, a blogosfera pode ser uma caixinha de surpresas.

Complete a frase: "Para mim, a blogosfera é..."

Criatividade. Tanto a expressão da própria criatividade como o consumo da criatividade alheia, seja com reflexões, recomendações, fotografias, códigos, poesia... De um tudo você encontra na plataforma e não tem como você fica entediado. Espero que essa leva de pessoas cansadas das redes sociais façam o pessoal notar que existem espaços virtuais incríveis por aí esperando para serem lidos.

Para manter a corrente da TAG, eu preciso indicar dois blogs para entrarem na brincadeira e eu passo essa missão para a Juliana do blog Ju's reads e para a Giovana do blog Dei um jeito, dois lugares que eu tenho visitado bastante nos últimos tempos, vai ser legal ler sobre vocês e a trajetória de vocês na blogosfera. Se mais alguém quiser participar é só entrar no rolê e replicar a TAG, fiquem à vontade.

Eita mês longo! Sinceramente me peguei com medo de acordar e ver que era 32 de maio. O tempo passou lentamente e senti como se tivesse vivido mil vidas, mas isso por conta da loucurinha que estou vivendo. Sou a pessoa que acredita em caminhos abertos e a necessidade de movimentação para que a vida aconteça, mas vivo num processo de me lembrar que nem sempre é confortável. Entre as movimentações que busquei para a minha vida temos a minha vida estudantil e profissional, já que infelizmente (ou não tão infelizmente assim já que eu adoro me estressar com essas coisas) escolhi vencer na vida por meio dos estudos e maio foi o mês em que o pensamento "sustente as suas gracinhas" quase virou um mantra. Fato é que sobrevivi a mais um mês de mestrado! Não foi fácil, mas até aí eu já sabia que não seria e ninguém me iludiu com esse processo. Tem sido engraçado e meio trágico, principalmente por estar me deparando com estudos avançados de uma área que não domino o básico. A título de curiosidade eu sou formada em arqueologia e me aventurei nesse mestrado em museologia para compreender como essa ciência lida com discussões patrimoniais que é a minha praia de pesquisa.

Isso de ir para outra área no mestrado é complicado, eu não conheço o colegiado, não conheço a universidade, não conheço vários textos e autores básicos e descobri que existe uma birra museologia e arqueologia, tá, nessa parte eu nem fico chateada por amo uma fofoca acadêmica. Mas dá para sentir que não é um ambiente aconchegante? Agora que escrevi isso, percebi que novamente ninguém me prometeu aconchego no ambiente acadêmico e não adianta ficar me sentido iludida com o óbvio. Tive minha primeira orientação e esse tópico é sensível, sinto que dias nebulosos estão por vir, mas é isso né? Sustentar as gracinhas. Também tenho sobrevivido (não sei como) à pós-graduação EAD, e fiz a prova de proficiência em inglês, infelizmente o resultado só sai na metade de junho e até lá vou ficar me questionando se ler manhwa e romances em inglês é o suficiente para comprovar alguma coisa em inglês.

Por incrível que pareça eu consegui assistir várias coisas e ler dois dos três livros que coloquei na TBR de maio. Finalizei Tempestade de ônix que é a continuação do famoso livro de dragões Quarta asa, e eu gostei bastante, esse volume em específico eu achei meio corrido, por vezes algumas partes pareceram desconexas e eu não sei se essa sensação foi por ler dando algumas pausas ou se a autora realmente deu uma adiantada e escreveu algumas coisas de forma mais "misteriosa" para desenvolver nos próximos volumes, mas ainda assim, a história não ficou ruim, ruim mesmo é ficar sem previsão para o lançamento da continuação. Outra leitura finalizada com o mangá Cinco centímetros por segundo. Eu fui super iludida achando que iria ler algo fofo, afinal, Makoto Shinkai botou no mundo as obras: Your Name e Suzume, duas animações super fofas! Ai a tonhona aqui foi ler e não prestou atenção no resto do nome do mangá: cinco centímetros por segundo - uma sequência de história curtas sobre a distância deles. Fui sedenta por uma história fofa de amor e recebi a realidade de namoros à distância.

Fui ousada e comprei livros. Ousada, pois tenho bastante livro físico na lista de não lidos, mas estava na promoção e um deles o Júbilo, memória, noviciado da paixão da Hilda Hilst está no meu desafio de 30 livros antes dos 30, não consegui resistir. Também peguei o terceiro volume do manhwa da Penélope que estava com cupom de 20% off, quem vai me julgar? Sobre O único destino dos vilões é a morte já tem resenha aqui no bloguinho e você pode conferir  clicando aqui . Ainda nas aventuras literárias, em maio participei do ELVA, o primeiro encontro literário de Valença. Foi muito divertido participar do projeto, conversar sobre literatura é algo que eu amo e poder fazer isso na cidade em que aprendi a ler, compartilhei livros com amigos e construí boa parte de tudo o que eu sou hoje foi simbólico e significativo em vários graus. Não à toa o próximo território de identidade que vou ler para o desafio do  Lendo a Bahia  será o Baixo sul com autores valencianos. 

O departamento de filmes foi mais interessante, assisti novamente o filme Devdas, dessa vez com um amigo e converti ele ao interesse por Bollywood. Para quem gosta de drama, fica minha humilde recomendação para assistir Devdas, tem dublado no YouTube, infelizmente com a qualidade de uma TekPix, mas é o que temos para hoje. Assisti à série Amor da minha vida na DisneyPlus, e que serie maravilhosa! Bruna Marquezine entregou uma coisa que eu nem sabia que estava com saudades de assistir: pessoas da minha idade vivendo os problemas que eu vivo. Comecei a assistir Tapas e Beijos que é o Sex and the city brasileiro e morro de rir com a palhaçada, mas uma grande questão é ver como uma produção de 2012 abordava de forma péssima assuntos envolvendo a comunidade LGBTQIAPN+, e também fiquei me sentindo meio conservadora ao perceber meu choque com a série recebendo classificação etária +12, a história é literalmente sobre a vida amorosa dos personagens, o tanto de mulher semi nua dançando na boate de striptease é loucura, achei doze anos pouco, no mínimo 16. Fiquei doente e recebi cuidados da minha mãe que não mora comigo e veio me visitar, aproveitei e revi alguns filmes com ela: A que horas ela volta, Ainda estou aqui e Bacurau.

Maio rendeu horrores e agora só penso em São João, show da Rachel Reis e comer bastante milho e amendoim cozidos.

Finalmente vivi a sensação de começo de ano. Acho que o réveillon não é o suficiente, precisa vir acompanhado de uma nova dinâmica envolvendo metas e compromissos. No meu caso, esses compromissos só começaram em abril com o início das aulas do mestrado e foi um mês desafiador. Apesar de gostar de estudar, vivo numa briga interna com a baixa autoestima intelectual e insegurança, com toques de síndrome do impostor, é uma maravilha... Isso tudo em um curso de pós-graduação em outra área é uma receita interessante para crises de ansiedade e questionamentos sobre o que estou fazendo da minha vida. Mas por aqui a gente tá sempre pensando positivo, então vamos seguindo.

Como aparentemente sou fã de viver momentos caóticos, me inscrevi numa especialização e olha só... não é que eu passei? Quem diria... Agora tenho mais esse compromisso além do mestrado. Não acho que vai ser impossível, mas definitivamente um desafio. Parte dessa complicação pode ser vista no fato de que eu não finalizei uma leitura se quer. Cheguei a 60% de Tempestade de ônix da Rebecca Yarros e comecei a ler o mangá cinco centímetros por segundo, mas não finalizei. Inclusive a TBR de maio será a mesma. Vou tentar estabelecer a meta de 30 minutos de leitura por dia para não renunciar a passatempos e ser engolida mentalmente pelos outros projetos.

Em meio aos compromissos, esse mês me fez lembrar como é bom ter consciência dos próprios limites e do pensamento flexível, em outros anos eu com certeza estaria frustrada por não estar lendo tanto quanto gostaria, ou conseguindo manter uma periodicidade aqui no blog. E começar o mês sabendo que eu não daria conta de tudo, pois seria um mês de adaptação e encontrar uma nova rotina onde eu consiga fazer tudo, em um prazo possível, sem esquecer do tempo para descansar e desempenhar atividades sem grandes propósitos. Sinto falta de acompanhar os blogs que sigo, sinto falta de escrever por aqui, aos poucos está virando uma rotina ler no ônibus e um pouco antes de dormir, logo mais encontrarei tempo para as leituras online e tudo vai se encaixar.

As grandes emoções de abril foram essas. Não tive tempo de assistir nada além do anime Diários de uma apotecária, li alguns capítulos de manhwas como: I thought my time was up, Maybe meant to be e Falling in love with my ex-fiance's grandfather, todos disponíveis de forma legal e gratuita (ou parcialmente) na plataforma  Webtoon  em inglês. Flopei no bewa da  Porce-lana , mas fiquei muito contente com a publicação sobre o  ter o blog numa era de redes sociais  era um assunto que estava na minha cabeça há um tempo e foi legal colocar para fora e pensar mais sobre como resolver esse incomodo que tem sido a minha relação com a internet. A trilha sonora do meu mês foi o novo álbum do Ghost chamado Skeletá, e o Divina Casca, novo álbum da Rachel Reis, que me deixou com muita vontade de retomar as publicações sobre música aqui no blog.

⋅˚₊‧ ୨୧ ‧₊˚ ⋅ Aceito dicas sobre rotina nos comentários ⋅˚₊‧ ୨୧ ‧₊˚ ⋅

Mais uma publicação do  bewa 2025  e o tema "Por que você criou um blog?" veio lá do gerador da  Porce-Lana , mas é uma questão que mora na minha cabeça há muitos anos. O que me leva a ter um blog? O que me faz voltar para esse espaço? Não sei se esse texto vai parar em alguém que quer investir na jornada da blogosfera, ou alguém que está pensando em desistir, ou pior, alguém que caiu aqui de paraquedas e acabou de descobrir que as pessoas ainda têm blogs. A proposta dessa publicação é compartilhar minhas razões e reflexões sobre esse espaço, e como a nossa relação com a internet mudou tanto ao longo dos anos.

Vivi minha infância nos anos 2000, acompanhando o surgimento dessa era tecnológica que resultou no que temos hoje. Eu mexi em computador de tubo, vi pessoas usando FAX e disquete, tive celular com a tela em bits preto e branco com joguinho da cobrinha. Nessa época o offline era o dia todo, o máximo de tela da minha infância era a televisão. Minha adolescência foi muito mais virtual, com YouTube, MSN, Twitter, Orkut, Habbo hotel e Neopets. E mesmo com tudo isso, ainda era uma vida mais offline, com no máximo duas horas de computador por dia. Com os celulares, apesar de serem um pouco mais tecnológicos, não era comum ter internet neles, apenas pacotes de SMS para conversar com amigas. O uso da internet acabava sendo restrito aos computadores, e com isso, era mais comum acessar sites e blogs. Nessa época, eu gostava muito de jogos online, acessar o site da revista capricho e toda teen, além de ler vários blogs, alguns sobre moda e beleza, outros sobre celebridades da Disney, até alguns com creepy pasta e várias histórias de terror. Mas fazia parte do uso da internet visitar espaços virtuais que carregavam a personalidade de pessoas, que eram pensados por pessoas para finalidades pessoais. Existia uma infinidade de modelos de páginas, com estéticas diferentes que não seguiam uma padronização do uso na internet.

No meio disso tudo, resolvi criar meu primeiro blog, era muito simples no layout e servia como um diário. Obviamente durou poucos meses, desisti do projeto e excluí o blog. Alguns anos depois eu comecei a sentir que seria muito legal ter um espaço que eu pudesse falar das coisas que gosto, naquela época já era leitora, mas apenas em 2015 eu voltei para o blog, já com o Garota do 330. Esse primeiro ano de blog foi muito mais sobre tutoriais de HTML do que produção de conteúdo. E por falar em conteúdo, não tinha um nicho definido, então saiam literalmente publicações sobre qualquer coisa. Em 2016 o blog ganhou o layout atual e aos poucos fui trazendo mais conteúdo literário, mas definir um nicho nunca foi algo que me deixava feliz, inclusive esse nome Garota do 330 é tão aleatório que não transmite de imediato qual é a proposta, apenas uma persona meio confusa que está online há muito tempo.

Aqui no blog eu aprendi um pouquinho de cada coisa, conheci muitas pessoas legais, li coisas incríveis e se tornou um espaço para desenvolver algo que eu amo: a escrita. Falar sobre coisas que amamos e nos deixam empolgados pode parecer fácil, até você precisar escrever um texto coerente sobre isso. E sou muito grata por passar anos desenvolvendo essa habilidade por aqui, facilitou muito a minha vida na faculdade. Ao mesmo tempo, em que esse blog surgiu, minha relação com a internet também mudou. Eu passei a ficar mais tempo online, tanto por aqui escrevendo e visitando outros blogs, como também estudando para o vestibular. E nessa época as redes sociais viraram uma coisa que moldou a nossa relação com o virtual. Foi também nessa época que ganhei um celular novo e passei a ter acesso ao Instagram. Ter um celular com acesso à internet na palma da mão mudou muita coisa no meu dia a dia e fiquei cronicamente online desde então. De uns anos para cá que comecei a olhar essa relação com o celular de forma mais analítica e crítica. Ser a primeira coisa que vejo quando acordo e a última antes de dormir é normal até você racionalizar esse comportamento e ver que não é tão normal assim.

Esse acesso constante e o estabelecimento de redes sociais no nosso cotidiano me trazem muitas questões e foi o que me fez retornar para o blog. Quando fui para a faculdade em 2017, tentei manter o blog atualizado, mas a nova rotina impossibilitou e eventualmente eu parei de ler. O blog e o Instagram literário que eu havia feito ficaram inativos por alguns anos, até que eu me deparasse com a saudade de ler e eventualmente compartilhar sobre as leituras. Com a facilidade de produzir conteúdo para o Instagram devido ao acesso pelo celular, eu retomei as atividades por lá, mas com o tempo a situação foi ficando meio frustrante. Publicar conteúdo em uma rede social é no mínimo algo restritivo.

Quem faz talvez tenha a mesma percepção que eu, você precisa não só prestar atenção ao algoritmo, mas ao conteúdo que viraliza. Existe um horário para publicar, uma forma de tirar foto, uma forma de gravar vídeo, um áudio específico da vez, um tema... Quando você se dá conta, está mais replicando do que criando, e tudo isso na tentativa de agradar ao algoritmo e fazer com que seu conteúdo seja entregue para pessoas. Outra observação que fiz ao longo dos anos é que além do consumo rápido, o conteúdo produzido tem um tempo de vida curto. Depois de alguns minutos a publicação foi esquecida pelo algoritmo e será dificilmente acessada por alguém. Além do algoritmo, deixar de recomendar sua publicação, o próprio formato da página da rede social não incentiva que seja uma experiência longa para o usuário no seu perfil, enquanto no blog você pode acessar a página inicial e ver as publicações mais recentes, ou usar tanto a barra de busca quando o menu para navegar em publicações com temas específicos. Essa autonomia que eu tenho no blog de criar e organizar, faz com que o usuário tenha uma experiência moldada para dar autonomia na escolha, possibilitando que publicações antigas ainda sejam acessadas, e o leitor escolha o que quer ver, em ver de ficar vendo coisas aleatórias sem um propósito ou interesse definido.

Dentro do nicho literário vemos algumas dinâmicas adicionais, como a criação de uma estética e estilo de vida de leitor para criar desejo de consumo, comentários rasos sobre leituras, indicações de livros famosos, pois são mais fáceis de gerar engajamento e uma hiper valorização de banalidades que são bonitinhas e aesthetic que vão prendendo a atenção em um conteúdo pensado para chamar a atenção, mas não entrega muita coisa além de hiper estímulo audiovisual.

Em nome do engajamento vemos muitas padronizações e propaganda. Meio cansada disso, fiquei lembrando da época na minha adolescência em que a internet era divertida, mas não me consumia, até lembrar como era gostoso entrar em um blog e navegar por ele com calma, sem grandes estímulos visuais, descobrindo coisas interessantes e tendo autonomia para escolher o que eu iria consumir online. Até mesmo o tempo é diferente nesses espaços virtuais. Enquanto nas redes sociais recebemos uma quantidade enorme de vídeos e fotos rápidas, não dedicamos tempo para observar e formular um pensamento sobre o que vimos, só vamos pulando para o próximo vídeo. Em contrapartida, acessar blogs me fazer tirar um tempo do meu dia para de fato prestar atenção no que eu vou ver, seja uma publicação sobre livros, séries e música, ou até mesmo blogs com uma proposta de textos mais pessoais com reflexões sobre o dia a dia. São acessos a uma experiência virtual onde sinto que de fato me conecto com algo.

Hoje eu diria que o blog para mim, além de ser um espaço criativo onde posso escrever sobre coisas que gosto, também se tornou um espaço para repensar minha relação com o virtual, sobre como tenho passado meu tempo livre rendida a um entretenimento raso e sem grandes propósitos, como poderia estar fazendo outras coisas mais interessantes, mas simplesmente não faço porque o celular está na palma da minha mão. Acredito que o celular se tornou um lazer acessível e muitas vezes é o que temos para fazer por faltar recursos para investir em outros passatempos, o que leva esse problema para questões socioeconômicas, mas sabendo disso, preciso definir como posso me relacionar com o ciberespaço de forma mais proveitosa, e a blogosfera tem sido uma boa alternativa.

Indicação de leitura: publicação na newsletter  Arte em cena 

Pensar em março depois que ele já passou é meio engraçado. Tenho certeza que durante o mês senti como se ele tivesse mais dias que o normal. Agora que acabou, parece que foi rápido demais. Eu havia montado uma TBR e flopei quase que totalmente, dos seis livros li apenas dois. Em compensação, li outros dois títulos que não estavam na TBR, finalizando o mês com quatro livros lidos e para mim isso definitivamente é uma vitória. Confesso que o objetivo principal do mês foi descansar e ler bastante, pois em abril teremos uma nova jornada: o mestrado.

Entre ansiedades, dragões e a televisão, acabei maratonando dois ícones, Girls in the house no YouTube e a novela Hilda Furacão na Globo Play e fiquei muito surpresa! Sabia que a história retrataria uma jovem da alta sociedade de Belo Horizonte que após abandonar tudo para virar uma prostituta, se apaixonaria por um padre. Mas a surpresa mesmo mora no fato de que Hilda Furacão é muito mais contexto histórico do que romance proibido. A história se passa na década de 50, onde o cenário político está a maior confusão entre comunismo e a direita ultra conservadora, mostrando como estava o Brasil no período pré-ditadura civil-militar. Inclusive, essa parte histórica me deixou com muita vontade de trazer uma publicação sobre o assunto, envolvendo livros e coisas audiovisuais, se alguém achar a ideia legal por favor manifeste animação nos comentários sobre isso. Apesar de estudar bastante história, não é algo que eu trago para cá, e acho que pode ser uma ideia legal mesclar o universo acadêmico com o universo midiático que eu consumo.

Sim, teremos uma publicação de recapitulação todo fim de mês! Além de gostar desse tipo de formato em outros blogs que acompanho, tenho percebido que talvez uma publicação por semana não seja o suficiente para dar conta do tanto de coisa que gosto de falar aqui no blog. Resenhas, indicações de livros, atualização dos desafios, TBR mensal... Ao mesmo tempo que sinto ter várias pautas para cá, também sinto que não vou sustentar trazer duas publicações com qualidade, além de produzir para redes sociais como Instagram e TikTok. E entre fazer pouco, mas não fazer mal feito, prefiro trazer uma publicação com vários tópicos atualizando as coisas. O formato vai ficar parecido com o finado 7x7 que deixei de publicar em 2017 quando entrei em um mega hiato de criação de conteúdo devido à faculdade. Nas publicações 7x7 eu fazia uma recapitulação semanal na tentativa de inspirar quem lia, incluia música, decoração, indicação do que assistir, mas era um "quadro" semanal, agora teremos uma repaginada e viveremos algo mensal, passando por coisas que embalaram os meus dias e pode ser fonte de entretenimento alheio. Formalmente introduzidos ao conceito do resumão, vamos ao ponto.

Resumão literário

Algo mágico aconteceu. Não sei se foi a magia da virada de ano ou eu simplesmente digerindo que a minha tensão com o fim do ano e o edital do mestrado finalmente acabaram. Só sei que em uns quatro dias de janeiro eu já estava indo para a segunda leitura do ano, e por isso a TBR de janeiro foi bem recheada. Geralmente eu estabeleço dois ou três títulos para ler no mês, sabendo que existe uma grande chance de não dar certo, ou até conseguir ler três títulos, mas nenhum estava na lista da TBR. Acontece, e tá tudo bem. Esse mês eu fiquei apaixonada por Assistente do Vilão, e já tem resenha aqui no bloguinho, você pode conferir  clicando aqui  caso ainda não tenha visto. Infelizmente no meio tempo inventei de ler um livro com cowboy e foi uma decepção! Passei uns dias sem querer ler e apelando para atualizar alguns mangás e manhwas como Spy x Family, I'm the queen in this life e My in-laws are obsessed with me. Li Aprendiz do vilão e me diverti muito com a leitura. Também li os dois volumes do mangá Quero comer seu pâncreas, estou pensando sobre essa obra e como estruturar minha opinião em uma resenha para o bloguinho. A outra leitura da TBR é Perto do coração selvagem, o primeiro livro publicado da Clarice Lispector e eu já sabia que seria uma leitura mais lenta. Eu gosto da escrita dela, a lentidão está muito mais vinculada com a tentativa de aproveitar a obra e entrar no fluxo de pensamento dela. Vou começar a fazer algumas anotações sobre essa leitura para trazer uma resenha interessante. Em geral, foi um mês excelente para as leituras!

Resumão musical

No final do ano passado eu passei por um daqueles momentos em que você sente uma chavinha virando e as engrenagens do seu cérebro funcionando diferente, e o que Ghost tem com isso? Explicando do começo, em 2013 eu era uma adolescente no auge dos meus 16 anos, apaixonada por rock e obviamente estava assistindo à transmissão do Rock in Rio. Uma das atrações era Ghost e eu fiquei horrorizada. Acontece que em 2013, no auge dos meus 16 anos, eu estava vivendo uma vida religiosa ainda próxima do catolicismo e uma banda com um vocalista vestido de papa e subvertendo a religião era totalmente absurdo. Lembro de ter desligado a televisão totalmente indignada naquele dia. Voltando para 2024, e conversando com uma amiga que é muito fã de Ghost, lembrei desse momento em 2013 e simplesmente a chavinha mental virou, trazendo consigo a seguinte constatação "porque diabos eu não tô ouvindo Ghost?". A linha de raciocínio pode parecer fraca, mas internamente é parte de um processo pessoal da minha descatequização. Eu entendo que o respeito é fundamental ao falar de religiões, e o intuito não é ofender a galera católica, mas tenho particularmente vivido com uma meta pessoal muito importante de me desvincular de valores e culpas que não me cabem mais já que deixei a religião cristã de lado. E ouvir músicas de uma banda com um cara vestido de papa, subvertendo o cristianismo com uma igreja satânica tem sido o meu império romano há uns meses.

Resumão Cine 330

Faz uns bons meses que só tenho assistido animes, e estou com saudades de assistir coisas diferentes. Para além de acompanhar alguns animes da temporada como: Diários de uma apotecária, My happy marriage e Ao no Exorcist, finalmente fui assistir Oshi no ko e fiquei traumatizada! Eu jurava que era um anime sobre Idols no Japão, acreditava que teriam críticas sobre a indústria, mas em poucos minutos o anime me fez chorar, fiquei em choque, voltei a chorar, e quando finalmente estava entendendo sobre o que era o anime, ele simplesmente dá uma guinada e volto para o total choque aos prantos. Se for assistir esse anime, não se deixe enganar pela música animada e as cores felizes.

Na fuga de animações, fui assistir Maxxxine que finalmente entrou no catálogo da Prime Vídeo. O filme foi diferente do que eu imaginava, ele é uma continuação dos dois filmes anteriores, mas as críticas à indústria cinematográfica estadunidense falou mais alto, o que não me fez desgostar do filme, mas ficou aquela sensação de vazio depois de dois filmes incríveis (X a marca da morte e Pearl). Para trazer uma leveza apelei para a nova temporada de XO Kitty e sinceramente não tem muito a dizer. É mais uma temporada sobre a Kitty, que começa com um problema e a temporada termina com o mesmo problema. O enredo é bem fraco e eu sinceramente acho que a proposta da série não vai muito longe disso. Depois dessa alta dose de pseudo dorama com gosto de mac and cheese, fiquei doente, e achei uma ideia maravilhosa maratonar Shrek, não me arrependo dessa decisão nem por um segundo.

E para fechar meu mês, assisti Joane Sacrebleu no YouTube. Quem não está por dentro das confusões envolvendo o filme Emilia Perez, favor se inteirar, pois o entretenimento é garantido. Joane Sacrebleu é uma sátira em resposta ao filme Emilia Perez. A sátira devolveu na mesma moeda, entregando uma narrativa vazia e escrachada de uma história sobre franceses, partindo de um ponto de vista totalmente estereotipado. Por enquanto o filme só tem legenda em espanhol disponível, se você tiver um nível de espanhol básico dá para assistir tranquilamente. Recomendo ler os comentários no YouTube, estão hilários.

Aleatoriedade e entretenimento

Estou sempre na busca de coisas engraçadas para acabar com o tédio, e apesar de gostar muito de ler, nem só de livros vive a leitora. Enquanto fazia as unhas, e procurando algo para me entreter entre as camas de esmalte, lembrei que na infância via os adultos falando de um programa de televisão com fantoches engraçados, mas o conteúdo era adulto demais e não podia assistir. Foi assim que descobri que os personagens Coxinha e Doquinha faziam parte de um programa cearense chamado Nas garras da patrulha, encontrei vários episódios no YouTube e virou um ritual dos domingos, assistir Nas garras da patrulha enquanto faço as unhas. Se você é do nordeste, tem grandes chances de saber do que estou falando, caso não saiba, confere o vídeo abaixo, o áudio esteve viral no TikTok há uns meses.

As outras duas aleatoriedades é a junção perfeita de entretenimento e estudos. Uma das minhas metas pessoais para esse ano é voltar a estudar idiomas, principalmente avançar no inglês. Eu sou fraca com a pronúncia e escrita, e para resolver isso, lembrei do Slowly, um aplicativo que baixei no período da pandemia para trocar cartas anônimas, e eu lembrava de ter visto cartas em inglês. Voltei ao aplicativo e estou trocando cartas com pessoas do Brasil e gringos de vários lugares, tá sendo engraçado. Além das cartas, voltei a ouvir podcast em inglês, dessa vez é o Brooke and Jeffrey: Second Date Update. O podcast recebe pedidos de pessoas ignoradas depois do primeiro encontro, para contactar a pessoa do encontro e ter uma resposta sobre o acontecido, e tem umas histórias super engraçadas.