Entre pular fogueira e pular na fogueira | Resumão de junho

Eu quero começar essa publicação falando que realmente o nosso cérebro bloqueia memórias traumáticas. Digo isso, pois havia esquecido como é...

Eu quero começar essa publicação falando que realmente o nosso cérebro bloqueia memórias traumáticas. Digo isso, pois havia esquecido como é horrível viver um fim de semestre acadêmico. Para piorar a situação, minha universidade desconhece o padrão e minhas férias só aconteceram em agosto, ou seja, em julho eu ainda estarei estudando na minha dobradinha infernal (mestrado + pós-graduação). Apesar do cansaço, tem sido um processo gratificante. Tenho tido paciência com o processo, tenho reconhecido minhas conquistas e celebrado mesmo que na maioria das vezes sozinha. Durante minhas sessões de orientação na graduação, meu professor comentou sobre escrever sobre o processo da pesquisa, registrar não apenas pensamentos vinculados à monografia, mas da minha escrita, tipo um diário. Na época eu até comecei, mas do meio para o final só queria terminar tudo e abandonei o diário. Agora no mestrado eu lembrei dessa conversa e voltei a encontrar essa sensação de solidão que a jornada acadêmica oferece. Quando você não vem de um ambiente familiar onde estudar não é visto como profissão, as coisas podem ficar ainda mais complicadas. Existem várias camadas dentro dessa discussão, inclusive o tópico famosinho do TikTok sobre adquirir capital cultural, e para mim tem sindo um processo desgastante e bastante frustrante percorrer esse caminho profissional, não pelo caminho em si, mas devido às percepções de familiares sobre a minha escolha profissional.

Eu sei que não deveria importar, eu sei que não posso controlar o que os outros pensam e falam sobre mim. Mas conviver com as consequências dessas percepções sobre mim tem sido um desgaste emocional que tem colocado algumas decisões em perspectiva. Durante a minha graduação eu não precisei lidar com esse problema de forma tão intensa, pois eu mudei para outro estado e estava geograficamente longe da minha família. Esses anos fora me fez pensar que eu gostaria de estar mais presente, de participar mais e conviver. O tempo passa rápido, a gente tem o amanhã como garantido quando, na verdade, não temos. E estudar história, pessoas e memória me faz pensar sobre as minhas próprias relações e por isso decidi voltar. Mas agora eu meio que já tô querendo ir embora de novo. Romantizei as relações familiares e agora não estou conseguindo lidar com a minha família querendo ditar como eu devo viver minha vida, impregnando meu dia com cobranças e momentos desconfortáveis, inferiorizando minhas conquistas, pois afinal eu deveria estar trabalhando, mas quando eu estava trabalhando também não estava bom... Eu acho que isso é meio a regra da convivência familiar e eu tô totalmente desacostumada com isso. É o famoso "ah, mas fulano conquistou tal coisa" e nada que eu faça vai ser bom o suficiente. A hipocrisia é tão alta quanto a régua que usam para medir o sucesso, inclusive quem mede não está dentro do ideal estabelecido. Emfim...desabafos, o resumão do mês é também sobre isso.

Junho tentou me derrubar, mas falhou miseravelmente! Consegui manter os estudos, todos os prazos cumpridos com folga. Tirei uma nota boa da prova de proficiência em língua estrangeira, então, sim, ler manhwa e romances em inglês ajudam nos estudos. Segui na minha maratona de Tapas e Beijos, tem sido meu alívio cômico na correria da rotina. Também mantive em dias o anime Diários de uma apotecária que está maravilhoso! Só não vou ficar tão triste quando acabar a temporada, pois tamparei esse buraco com Spy x family. A TBR do mês foi um sucesso! Li as três coisas que havia me proposto e foi fundamental ter escolhido coisas mais leves e divertidas para ler. O livro Os padrinhos da Olivia Uviplais foi exatamente o que eu queria: uma comédia romântica leve e engraçada, ainda li o conto O pedido que traz uma história extra do livro. Li o terceiro volume de  O único destino dos vilões é a morte  um manhwa que eu tenho amado acompanhar, e a editora Newpop tá fazendo um trabalho muito legal com essa edição. O último lido do mês foi o livro de poesias Júbilo, memória, noviciado da paixão da Hilda Hilst e foi meu primeiro contato com a autora. Eu venho trabalhando minha relação com a poesia ao longo dos anos, não conseguia me conectar com o gênero, pois via a leitura como uma atividade mais rápida onde você senta, lê por alguns minutos consecutivos e para até terminar o livro. Enquanto lia livros de poesia fui percebendo que nunca iria apreciar adequadamente as leituras se continuasse a encarar esse momento assim. Desde então tenho adotado uma postura de doses homeopáticas, levando longos minutos em cada poesia, grifando partes que de alguma forma falaram comigo e construindo uma relação mais íntima e reflexiva com o livro e comigo. Não foi diferente com esse livro e fiquei curiosa para conhecer mais da autora. Não faço ideia de como escrever uma resenha sobre esse livro, mas estou amadurecendo um rascunho mental.

No universo musical, eu tenho vivido um flashback com um gênero musical que fez parte da minha adolescência, o Visual kei. Ao longo dos anos eu não deixei de ouvir bandas de rock japonesas, mas o Visual kei saiu um pouco da minha vida e voltou com tudo. A diferença entre rock e o Vkei é que o Vkei é um movimento não só musical, mas artístico dos anos 80 com referências góticas, punk, toques vampirescos da era vitoriana e androgenia. Nas apresentações tem muita performance e teatralidade. Na minha adolescência eu escutava bandas como The Gazette e Nightmare, mas a volta desse gênero musical veio com as bandas clássicas e uma vontade absurda de adotar o estilo gótica dos trópicos. Esse mês fiquei presa entre Malice Mizer, Buck-Tick, Moi dix Mois, Plastic Tree e Kamijo nos clássicos do Vkei, e conheci bandas novas como Hanabie., Gulu gulu e Kaya. Infelizmente algumas músicas não estão no Spotify e estou refém do YouTube para me afundar nessas bandas.



Minha playlist com mais recomendações

Para finalizar o rolê musical, outro dia eu recomendei o novo álbum da Rachel Reis  Divina Casca  e após tanto ouvir em casa, fui ouvir pessoalmente no show que aconteceu na Concha Acústica dia 28 de junho. Que show maravilhoso! Ela entrega muito ao vivo e foi uma experiência muito especial para mim, além de ser o show de uma artista que gosto muito, foi minha primeira ida sozinha a um show. Essa independência é algo que tenho tentado desenvolver nos últimos anos. Já deixei de fazer várias coisas por não ter amigos que quisessem ir comigo, no fim do dia ficava frustrada e encarando o fato de que a única responsável por esse sentimento sou eu. Tenho feito várias coisas que eram pequenos sonhos há quatro anos e contente por estar me permitindo ser uma versão de mim que eu amo. 


Em junho completamos um ano de blog atualizado com uma frequência legal e fiquei revisitando algumas publicações que amei fazer, e estou muito contente em ver outras pessoas gostando desse espaço e não me deixando falar sozinha. Para julho temos alguns eventos aguardados com certa ansiedade: 2 de julho (vulgo independência da Bahia), meu aniversário, férias da faculdade e uma possível viagem. Quero aproveitar o próximo mês para retomar meu desafio  Lendo a Bahia  e montar uma TBR com autores baianos e histórias que se passem na Bahia. Aceito recomendações de leituras.

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10 comments

  1. Tenho uma relação parecida com a família, sei bem como é quando nada que você faz é suficiente e as conquistas dos outros sempre são melhores que as suas. Isso só melhorou quando eu me distanciei, morando mais longe e com minha própria casa, ou seja, a frequência do gaslighting diminuiu, mas nunca acaba. Eu lido com isso na terapia, buscando reconhecer as conquistas e, como você disse, a régua do sucesso é só nossa.
    Adorei o final do post com o relato sobre o show. Eu também tenho feito mais coisas sozinha, viajar, ir ao cinema, tomar um café sozinha com um livro. É ótimo! Um beijo Vaneza! :)

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    1. Oi Uaba <3
      Esse rolê com a família é foda né? Quando eu estava morando no Piauí era MUITO mais fácil de lidar com essas relações justamente devido à distância. Fiquei tanto tempo longe que comecei a sentir saudades de "casa" e quis voltar. Reconheço que ainda quero morar na cidade, mas definitivamente longe da família, convivendo em doses homeopáticas pelo bem da minha saúde mental. Sair sozinho tem sua magia, tô descobrindo aos poucos isso, nesse começo é meio estranho, tô muito acostumada a fazer coisas acompanhada kkkkkk

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  2. Primeiro, antes de qualquer coisa, eu gostaria de dizer que estou muito orgulhosa de você! Parabéns por estar no mestrado, parabéns pela pós. Os processos acadêmicos de admissão para isso (e também para graduação) são rigorosos, desgastantes e complexos, mas mesmo assim você conseguiu ser aprovada e está estudando o que deseja e isso fala muito sobre sua resiliência e força de vontade. Parabéns de verdade. Espero continuar acompanhando sua jornada acadêmica e suas conquistas na área.

    Eu amo o único destino dos vilões é a morte, só li a light novel, mas acho que em breve vou comprar a versão em quadrinhos também para ler. O enredo é muito bom. Eu preciso terminar de assistir os episódios disponíveis de o diário de uma apotecária. Vou aproveitar minhas férias para isso.

    beijos

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    1. Oi Emi! Muito obrigada pelo comentário e fico feliz que queira acompanhar essa jornada, pois livros mesmo eu não tô lendo kkkkkkkkkkkkkk vocês vão ter que abraçar alguns hiatos do blog e publicações menos literárias. O único destino dos vilões é a morte é muito um fav meu, só perde para Under the oak tree. Espero que esteja curtindo suas férias com diários de uma apotecária, eu já tô morrendo de saudades desse anime.

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  3. Mesmo sendo desgastante ouvir as opiniões alheias, nós sabemos o que nos faz feliz e se esse caminho de estudos é o que te faz feliz, mantenha-se firme. Parabéns por estar encarando este desafio. Diários de Uma Apotecária é um dos meus animes favoritos e até chegar a nova temporada, vou ler a obra original. Bjos!!
    Moonlight Books
    @moonlightbooks

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    1. Oi Cida! Realmente é sobre buscar conforto na certeza de estar fazendo algo que gosta e que acredita ser importante, infelizmente a opinião dos outros ainda atravessa a gente mesmo quando temos essa noção de que não deveria importar tanto. E eu tô MORRENDO de vontade de ler a novel de diários de uma apotecária! Eu só não comecei ainda, pois quero finalizar uma novel antes de começar essa.

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  4. amei o título do post kkkk entendo muito o seu desabafo sobre família, mas do meu lado minhas conquistas eram vistas como minha obrigação, então nunca recebi um parabéns ou incentivo por nenhuma delas. acaba desmotivando muito, mas nunca esqueça do seu sonho e do pq vc escolheu esse caminho, é difícil mas não é pra sempre, e seu blog sempre vai estar aqui pra vc poder desabafar pra gente ler e se abraçar kkkk

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    1. Oi Nana! Pois eu lhe digo parabéns viu gata, estudar não é fácil não e a gente faz acontecer como dá. Bom saber que você vai ficar lendo minhas publicações chorando as pitangas, vou tentar retomar a periodicidade quando eu ficar de férias.

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  5. Oi Vaneza, tudo bem?
    Que bom que você está fazendo algo que te faz feliz!!
    Eu não vejo muitos animes, mas "Spy x family", eu tenho curiosidade de ver.

    *bye*
    Marla
    https://loucaporromances.blogspot.com

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    1. Oi Marla! Mulher, pior que o que eu faço só fazendo por amor mesmo, dinheiro que é bom passa longe Ç-Ç Sobre animes, eu recomendo muito Spy x family! É super fofo e divertido, e ainda aborda uns assuntos super sérios e relevantes sobre geopolítica.

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